sábado, 1 de junho de 2013

FUNCEB ITINERANTE 2013 chega ao fim

Foram 14 dias de viagem e quase 3.000 quilômetros rodados nas estradas da Bahia para a realização da 3ª edição do FUNCEB ITINERANTE, projeto que reúne os dirigentes da FUNCEB para visitar municípios baianos, promovendo encontros com o objetivo de estabelecer contato com realidades distintas do estado para a concepção das políticas públicas para as Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro. Passamos por sete cidades, representando diferentes Territórios de Identidade baianos: Valença, no Baixo Sul; Porto Seguro, na Costa do Descobrimento; Itapetinga, no Médio Sudoeste; Macaúbas, na Bacia do Paramirim; Jacobina, no Piemonte da Diamantina; Paulo Afonso, em Itaparica BA/PE; e Serrinha, no Sisal.

Agora, já estamos de volta a Salvador para dar continuidade aos trabalhos. Felizmente, tudo correu muito bem!

Ao final de 14 dias, o FUNCEB ITINERANTE se despede
[Foto por Alex Oliveira]

Os registros dessas passagens estão aqui neste blog, onde compartilhamos o que ouvimos nas reuniões e vimos nas cidades a respeito das produções artístico-culturais neste imenso estado que é a Bahia. O saldo de contribuições é bastante positivo e será importante para novos passos de desenvolvimento da gestão pública estadual para as Artes, em consonância com a realidade apresentada pela sociedade civil.

Agradecemos imensamente a todos pela participação e disponibilidade, pelas conversas francas, críticas, estímulos. Esperamos, em breve, dar mais retornos práticos a partir destas experiências, como aconteceu após as duas edições anteriores do FUNCEB ITINERANTE, em 2011 e 2012.

Mantenhamos contato e até a próxima!

Filarmônica 30 de Junho: patrimônio cultural de Serrinha

O encontro da equipe do FUNCEB ITINERANTE 2013 com artistas e membros da sociedade civil do Território do Sisal aconteceu na sede da Sociedade Recreativa e Cultural Filarmônica 30 de Junho, em Serrinha. Fundada em 1896, a entidade centenária oferece, semestralmente, cerca de 200 novas vagas para os cursos de instrumento e de canto, e mantém, além de uma filarmônica, orquestras de cordas e flautas e um coral. A 30 de Junho ainda promove oficinas de teatro e dança, e acesso a uma biblioteca com acervo estimado em 7 mil exemplares. Em 2008, foi instituída como Ponto de Cultura da Bahia. Em 2009, foi contemplada no Programa de Apoio às Filarmônicas do Estado da Bahia, iniciativa da FUNCEB.

A sede da centenária Filarmônica 30 de Junho
[Foto por Alex Oliveira]

Isaac Álvaro da Silva é presidente da Filarmônica desde 2003, mas participa efetivamente da instituição há mais de 30 anos. “Já nos apresentamos em um evento promovido pela UNICEF, no Projeto Música no Parque e com a NEOJIBA”, conta, orgulhoso. Isaac defende a criação de mecanismos que possibilitem a permanência dos aprendizes nas atividades da Filarmônica, que, segundo ele, são mantidas com recursos próprios.

O presidente Isaac Álvaro da Silva (topo esquerdo) e os jovens músicos Thays dos Santos, Chrislei Matos, Letícia Nascimento, Gabriel Nascimento e Lara Almeida
[Foto por Alex Oliveira]

A banda em ação
[Foto por Alex Oliveira]

Veja vídeo da apresentação da Filarmônica 30 de Junho na abertura do FUNCEB ITINERANTE em Serrinha:




Encontros em Serrinha: Vinícius Batista Marques

Vinícius Batista Marques é músico e professor, graduado em Composição e Regência pela Universidade Federal da Bahia. Antes de sair para estudar em Salvador, foi aprendiz da Filarmônica 30 de Junho, onde ingressou aos nove anos de idade. Natural de Serrinha, ele se reveza entre sua terra natal, onde se divide entre a 30 de Junho e o coral da Universidade do Estado da Bahia, e Salvador, onde dá aulas de iniciação musical em escolas particulares. É também professor e regente de uma orquestra no município vizinho de Barrocas.

Vinícius é músico profissional e teve sua carreira iniciada aos nove anos na Filarmônica 30 de Junho, de Serrinha
[Foto por Alex Oliveira]

No encontro do FUNCEB ITINERANTE, ele regeu a apresentação da Orquestra de Cordas Lira de Ouro. Veja um vídeo da apresentação:

Encontros em Serrinha: Sílvio Portugal

Sílvio Portugal é artista visual, membro do Conselho Municipal de Cultura de Feira de Santana, vice-presidente do Colegiado Setorial de Artes Visuais da Bahia e perito em análise de projetos da Funarte/MinC. “A política cultural era antes feita a partir do gabinete, de ouvir falar. O FUNCEB ITINERANTE é importante porque o poder público pode auscultar as reivindicações da população e possibilitar uma intervenção prática sobre uma realidade mais objetiva”, analisa.

Sílvio veio de Feira de Santana para participar do encontro
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Serrinha: Robson Mol

Robson Mol é artista circense, produtor cultural e presidente do Colegiado Setorial de Circo da Bahia. Em 2012, integrou a equipe técnica que ministrou as Oficinas de Qualificação nos Circos em três circos itinerantes na Bahia. Robson foi o proponente do Encontro de Produtores e Gestores de Circo, evento que prevê a realização de palestras e mesas redondas sobre temas de interesse da área das artes circenses, que acontece nos dias 4 e 5 de junho, em Salvador. A iniciativa foi contemplada pelo Prêmio Meses Temáticos do Circo, Dança e Teatro – Diálogos e Reflexões, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. Segundo Robson, que produziu diversos projetos contemplados em editais lançados pela FUNCEB, “é importante ouvir as demandas dos territórios, que são diferentes daquelas de Salvador”.

Robson, artista do Circo
[Foto por Alex Oliveira]

FUNCEB ITINERANTE 2013 se encerra em Serrinha

Neste sábado, 1º de junho, o FUNCEB ITINERANTE 2013 realizou seu último encontro: a cidade de Serrinha recebeu cerca de 40 artistas locais e oriundos das cidades de Biritinga, Conceição do Coité, Queimadas e Tucano, também pertencentes ao Território de Identidade do Sisal, além de Água Fria e Feira de Santana, do Portal do Sertão, na sede da Filarmônica 30 de Junho. Reunidos com a equipe gestora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Governo do Estado (SecultBA), os presentes puderam registrar suas demandas e falar de suas atuações. Entre os participantes, estavam o prefeito de Serrinha, Osni Cardoso, e Carlos Alberto da Silva, do Conselho Municipal de Cultura.

Kuka Matos, assessor de Relações Institucionais da FUNCEB; Nehle Franke, diretora geral da FUNCEB; e Osni Cardoso, prefeito de Serrinha
[Foto por Alex Oliveira]

Antes de a reunião começar, a banda anfitriã, a Filarmônica 30 de Junho, fez uma apresentação inicial, executando canções da música popular brasileira. Depois, durante toda a manhã, o debate trouxe questões do envolvimento da sociedade civil nas políticas públicas, registrando-se especialmente o fato de que ali estavam cidadãos não apenas do município visitado, mas de territórios agrupados na mesma região. Esta visão ampla de contextos foi reconhecida pela sua importância, sendo aquele momento mais que um encontro com a FUNCEB, mas entre eles próprios. Mobilizados pelo desenvolvimento cultural das cidades envolvidas, os participantes registraram valores e riquezas locais e colocaram o pleito pelo mapeamento, conhecimento e visibilidade do que se produz ali.

Cidadãos de sete cidades compareceram ao encontro
[Foto por Alex Oliveira]

Também foi pauta de discussão a necessidade de ações formativas, inclusive introduzidas no sistema de educação formal. Segundo os presentes, isto não se restringiria a cursos e disciplinas da área, mas a uma preparação mais qualificada dos professores e escolas para que possam multiplicar conhecimentos sobre o que é Cultura, de forma ampla e consciente. Outros assuntos relevantes foram a construção do Sistema Estadual de Cultura e a Lei Orgânica da Cultura da Bahia.

A Lei Orgânica da Cultura da Bahia é discutida e distribuída para todos
[Foto por Alex Oliveira]

Depois do intervalo de almoço, foi realizada mais uma apresentação sobre os mecanismos de apoio a projetos artístico-culturais promovidos pela FUNCEB/SecultBA, com oportunidade de os presentes terem orientações e tirarem dúvidas sobre eles. Depois, foram formados grupos de conversa por setor, para discussões específicas sobre as demandas de cada área, conduzidos pelos coordenadores das linguagens.

O encerramento do encontro foi marcado com mais música, desta vez com a Orquestra de Cordas Lira de Ouro, com jovens músicos sob a regência de Vinícius Batista.

A Filarmônica 30 de Junho nos recebe em sua casa e apresenta canções da música popular brasileira
[Foto por Alex Oliveira]


A Orquestra de Cordas Lira de Ouro tocou no encerramento do encontro
[Foto por Alex Oliveira]

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Última parada: Serrinha, no Território do Sisal

Esta sexta-feira é dia da última viagem da equipe do FUNCEB ITINERANTE antes do retorno a Salvador. A cidade que encerra a lista de encontros realizados nesta edição é Serrinha, no Território de Identidade do Sisal, que é composto por mais 19 municípios: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Teofilândia, Tucano e Valente. A região sisaleira, localizada no semiárido baiano, se estende por uma área de mais de 20.000 km², onde vivem cerca de 580 mil habitantes.

O Sisal tem tradições como o Reisado, o Boi Roubado, a literatura de cordel, grupos de cantiga de roda como o Cantadeiras do Sisal, as chulas, os sambas rurais e a Festa da Quixabeira. Importantes eventos históricos ocorreram no Território, como a passagem dos cangaceiros de Lampião, da Coluna Prestes e dos seguidores de Antônio Conselheiro, deixando marcas no imaginário popular. A cultura urbana e afrobrasileira também tem espaço, a exemplo do reggae, hip hop, grafite e capoeira.

Toda a comunidade cultural da região está convidada a comparecer ao nosso encontro, que acontece no sábado, 1º de junho, das 9 às 18 horas, na Filarmônica 30 de Junho. Confirme sua participação pelo Facebook!



[Vídeo produzido pela Secretaria do Planejamento do Governo do Estado da Bahia]

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Os Nelsons: música de Paulo Afonso e do mundo

Em conexão, as batidas da Bahia, as tradições do sertão, o global ghettotech – um tipo de música eletrônica dançante que combina hip hop, eletro, tecno, drum and bass – e estudo dos dubs jamaicanos para criação de texturas musicais autênticas. Assim, a banda Os Nelsons, de Paulo Afonso, tem despontado como uma das grandes novidades do cenário musical baiano, fazendo música eletrônica popular brasileira. Nos vocais, está Raoni Torres – ou Raoni Kanalha, como é conhecido; na guitarra, Ericson Feitosa; no baixo, Vandeilson Feitosa; e Rafa Dias é o DJ. “Fazemos o som sistema, que agrega valores da música pop eletrônica à música periférica brasileira e a gêneros como arrocha, carimbó e pagode”, resume Raoni, que esteve presente no encontro do FUNCEB ITINERANTE na cidade.

Raoni Kanalha, vocalista d'Os Nelsons, esteve presente no FUNCEB ITINERANTE
[Foto por Alex Oliveira]

Não à toa, o grupo foi integrado ao programa Bahia Music Export, uma parceria da Assessoria de Relações Internacionais da SecultBA com a FUNCEB, que apoia a promoção internacional da música da Bahia. Eles foram selecionados para o terceiro volume das coletâneas lançadas pelo projeto em 2010, 2011 e 2012. O CD Bahia Music Export – Volume 3 reúne 17 faixas, cada uma delas de um artista/grupo baiano, e teve curadoria da inglesa Jody Gillett, jornalista, crítica de música, representante da Brasil, Música & Artes (BM&A) no Reino Unido e especialista em promoção da música brasileira no mercado europeu. Dentre os indicados pela profissional, Os Nelsons estão ao lado de OQuadro, Lucas Santtana, Retrofoguetes, Luiz Brasil, Dão, BembaTrio, Soraia Drummond, Braunation, Luiz Natureza, Bule-Bule, Nana, Quixabeira de Lagoa da Camisa, Tiganá, Lourimbau, Samba Chula de São Braz e BaianaSystem. O álbum foi distribuído, por exemplo, na 18ª edição da WOMEX – World Music Expo, uma das mais relevantes feiras de negócios e oportunidades do mercado da música internacional, realizada em 2012 na cidade de Thessaloniki, na Grécia.

Como desdobramento disso, Os Nelsons participaram, em maio deste ano, do Bass Culture Clash: Bahia X Londres, uma parceria entre a agência British Underground e a FUNCEB/SecultBA que promoveu um intercâmbio entre artistas baianos e do Reino Unido. O grupo pauloafonsense viajou a Salvador, Ilhéus e Londres para mostrar a sua arte: “Foi show de bola. Foi um pouco assustador no começo, por conta da dificuldade da língua, mas a música é a linguagem universal”, lembra Raoni.

Ainda tem mais para logo: a banda vai ser uma das atrações do MAM-BAHIA: Outras Sonoridades, evento musical que faz parte do Cultura em Campo, programação especial que a SecultBA vai promover durante o período da Copa das Confederações. A música que representa a Bahia contemporânea para o mundo será reunida em três domingos no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em shows gratuitos. No dia 23 de junho, Os Nelsons vão tocar ao lado de OQuadro, diretamente de Ilhéus, e da soteropolitana BaianaSystem.

Conheça mais de Os Nelsons: www.osnelsons.com.br

Encontros em Paulo Afonso: Cal, Edson, Gildo e Igor

Cal Roque é produtor cultural em audiovisual e fotógrafo. “Este encontro é oportuno, pois podemos debater as possibilidades de instalar um polo de cinema em Paulo Afonso”, aponta.

Edson Chucky é palhaço, artista plástico e comediante stand-up. Faz parte dos grupos O Circo Sem Lona e do Humor Ereto, ao lado de João Victor. A dupla publica seus vídeos no canal próprio no YouTube e faz turnês em clubes e teatros da Bahia e de outros estados.

Gildo Madeira é músico e instrutor do Percussiclando, projeto musical que utiliza instrumentos musicais produzidos a partir de materiais reciclados, e que deixou a equipe e plateia do FUNCEB ITINERANTE impressionada com uma apresentação ao final do encontro.

Igor Gnomo é músico e compositor. O Igor Gnomo Group, do qual é líder, tem um CD lançado, Nordestino, e um segundo em vias de finalização, Andarilho. O grupo foi recentemente habilitado para participar do Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco. “Nós viemos ao encontro para trocarmos ideias e enriquecermos nossos próximos projetos”, conta. Igor e sua banda também tocaram no fim do FUNCEB ITINERANTE em Paulo Afonso, uma mostra da qualificação da cena musical da cidade.

Da esquerda para a direita, Cal, Edson, Gildo e Igor fazem parte da expressiva cena cultural de Paulo Afonso
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Paulo Afonso: Adilson Santos

Adilson Santos é integrante da Cia. de Artes de Paulo Afonso (CÊNIC’S), grupo de teatro e dança que reúne cerca de 20 componentes e que está em vias de ensaio do espetáculo junino Luiz: Lua do Sertão. “A gente do interior não tinha acesso à comunicação direta com os coordenadores, porque é difícil ir até Salvador. Este projeto é importante porque a gente tem a oportunidade de se reciclar e aprender”, afirma.

Adilson integra a Cia. de Artes de Paulo Afonso
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Paulo Afonso: Cristiano Cabral

Cristiano Cabral é servidor do Poder Judiciário e coordenador do Coletivo Cultural Aratu Vermelho no Sertão, uma ONG que promove saraus artísticos, seminários e debates sobre artes e humanidades. “O Aratu Vermelho no Sertão surgiu para reunir militantes da esfera pública dispostos a enfrentar a hipertrofia da mercantilização da cultura na nossa região”, conta. Está prevista a realização dos seminários Marx: Quem É? O que sua Obra Tem a Dizer à Sociedade Atual? e Maio de 68: 45 Anos, além do Sarau Cultural em Homenagem a Maio de 68, no Prédio anexo da UNEB, em Paulo Afonso, no dia 1º de junho. Inscrições e informações: www.facebook.com/aratu.sertao.

Ele afirma não ser artista, mas é uma evidente presença importante na comunidade cultural local
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Paulo Afonso: Gorette Guedes

Gorette Guedes é aprendiz de artes plásticas e de dança do ventre. “Sou de família de artistas. Depois que me aposentei, resolvi que queria fazer jus à família”, conta.

Arte sem hora de começar
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Paulo Afonso: Andréia Carmo

Andréia Carmo é pedagoga, produtora cultural e atriz. Foi representante territorial da SecultBA no Território Itaparica BA/PE até dezembro de 2012. “O FUNCEB ITINERANTE é um projeto ímpar, pois os artistas se sentem seguros para questionar diretamente aos coordenadores e diretores”, acredita. Segundo Andréia, com as representações territoriais, os diretores de cultura dos municípios foram mais sensibilizados, mas ainda há resistência por parte dos gestores dos municípios, principalmente em se criarem os conselhos municipais de cultura. “Os artistas ainda precisam de maior valorização e de qualificação”, completa.

Andréia acredita na mobilização política dos artistas
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Paulo Afonso: João de Sousa Lima

João de Sousa Lima é escritor e pesquisador do Cangaço. Publicou oito livros sobre esse movimento que teve como grandes símbolos Lampião e Maria Bonita, sobre quem Sousa Lima compôs uma biografia. É autor ainda de um livro de poemas, No Silêncio do Ocaso, e de Centenário de Luiz Gonzaga e a Passagem do Rei do Baião em Paulo Afonso, seu último trabalho lançado. “Corri mais de 12 mil quilômetros em cima de uma moto pelas cidades do Raso da Catarina, para recuperar a história dos cangaceiros”, conta. Ele também participou do projeto de restauração da casa onde vivia a primeira mulher a se juntar ao bando de cangaceiros, em Malhada da Caiçara, povoado de Paulo Afonso, onde hoje funciona o Museu Casa de Maria Bonita.

O Cangaço como inspiração da literatura de João
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Paulo Afonso: Glória Lira

Glória Lira é artista plástica, artesã, escritora, diretora de Cultura de Paulo Afonso e secretária da Associação dos Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (ADIMCBA). “O grande salto desta gestão da Cultura do Estado foi quebrar as divisas e diminuir a quilometragem, deixando as Bahias cada vez mais próximas”, acredita.

Diretora de Cultura de Paulo Afonso é também artista
[Foto por Alex Oliveira]

Paulo Afonso foi a sexta cidade visitada pelo FUNCEB ITINERANTE 2013

O penúltimo encontro do FUNCEB ITINERANTE 2013 foi realizado no Território de Identidade de Itaparica BA/PE, representando pela cidade de Paulo Afonso, nesta quinta-feira, 30 de maio, no Centro de Cultura Lindinalva Cabral. Cerca de 60 pessoas estiveram presentes para o diálogo com a equipe gestora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Governo do Estado (SecultBA). Depois da fala de abertura da diretora geral da FUNCEB, Nehle Franke, a palavra ficou com a diretora de Cultura de Paulo Afonso e secretária da Associação dos Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (ADIMCBA), Glória Lira: “O grande salto desta gestão da Cultura do Estado foi quebrar as divisas e diminuir a quilometragem, deixando as Bahias cada vez mais próximas”, afirmou.

Comunidade artística e equipe da FUNCEB reunidas
[Foto por Alex Oliveira]

O debate aberto no turno matutino trouxe conteúdos bastante qualificados sobre a gestão pública para a Cultura. Entre as pautas, estiveram questões de formação em artes, inclusive acadêmica, e a necessidade de se investir em ações estruturantes que repercutam na estruturação de um cenário artístico sólido no interior. Uma questão indicada como problemática neste sentido é a tendência de que os artistas acabam precisando ir para a capital para terem acesso a cursos e a oportunidades de trabalho. O diálogo e a participação social, bem como a discussão sobre o papel do artista e do poder público – nos seus níveis municipal, estadual e federal –, também foi um tema levantado. Nesta perspectiva ampla de olhares sobre a Cultura e contextos compartilhados, para além de experiências individuais, também surgiram questionamentos sobre a lógica de gratuidade dos espetáculos apoiados pelo Estado e sobre quais esforços o governo está fazendo para transformar as escolas em ambientes culturais, que estimulem jovens para compreender e valorizar o setor.

Já à tarde, os presentes assistiram a uma apresentação sobre os mecanismos de apoio a projetos artístico-culturais promovidos pela FUNCEB/SecultBA, com oportunidade de ter orientações e tirarem dúvidas sobre eles. Depois, foram formados grupos de conversa por setor, para discussões específicas sobre as demandas de cada área, conduzidos pelos coordenadores das linguagens.

O encerramento do encontro foi brindado por belas apresentações. Primeiro, do poeta Fernando, que recitou poema sobre a cultura popular. Depois, Luan Almeida interpretou Das Vantagens de Ser Bobo, de Clarice Lispector. O ator João Bosco arrancou risadas com o personagem Seu Joaquim. Por fim, os grupos Igor Gnomo Group e Percussiclando trouxeram sua música vibrante, tão baiana quanto contemporânea.

Igor Gnomo Group e Percussiclando em ação
[Foto por Alex Oliveira]

Plateia assiste e aplaude as apresentações
[Foto por Alex Oliveira]

Veja abaixo vídeos destas performances:

O poeta Fernando recita poema sobre a cultura popular:


Luan Almeida interpreta Das Vantagens de Ser Bobo, de Clarice Lispector:


O ator João Bosco vive o personagem Seu Joaquim:


Por fim, o grande encontro dos grupos Igor Gnomo Group e Percussiclando:

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Rumo ao penúltimo destino do FUNCEB ITINERANTE 2012: Paulo Afonso

Nesta quarta-feira, a equipe do FUNCEB ITINERANTE volta à estrada, para o trajeto que nos levará de Jacobina, no Piemonte da Diamantina, para Paulo Afonso, o penúltimo destino desta viagem, localizado no Território Itaparica BA/PE, que compreende 13 municípios dos estados da Bahia e de Pernambuco. A porção baiana se estende por mais de 12.000 km² e inclui, além de Paulo Afonso, as cidades de Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé e Rodelas, onde vivem cerca de 170 mil habitantes.

A maioria destas localidades é banhada pelo Rio São Francisco. A identidade cultural do território é heterogênea e tem como forte característica a presença da influência indígena, sobretudo dos grupos Pankararés e Tuxás. Outro referencial são as manifestações culturais que remetem ao cangaço, representado por seus mais expressivos personagens, Lampião e Maria Bonita. O artesanato é também uma grande marca da cultura da região, tanto a tecelagem quanto a produção em cerâmica, madeira, sementes, couro e palha. Situado na caatinga, o Itaparica BA/PE é repleto de pinturas rupestres, sítios arqueológicos, lagos naturais e artificiais, canyons e cachoeiras.

Toda a comunidade cultural da região está convidada a comparecer ao nosso encontro, que acontece na quinta-feira, 30 de maio, das 9 às 18 horas, no Centro de Cultura Lindinalva Cabral. Confirme sua participação pelo Facebook!



[Vídeo produzido pela Secretaria do Planejamento do Governo do Estado da Bahia]

terça-feira, 28 de maio de 2013

Minita: o amor é roxo

“Eu recebia mensagens como um vento. Quando eu não tinha papel e caneta, escrevia nas folhas das árvores”, conta Minita Montenegro, poetisa e artesã que nasceu em Morro de Chapéu e vive há mais de 50 anos em Jacobina. Não à toa, Minita está vestida de roxo, a cor da espiritualidade. Antes mesmo da conversa, um presente: um terço com a medalhinha de São Miguel Arcanjo, de quem é muitíssimo fiel, e algumas instruções: “Fique sozinho, reze e peça a ele que lhe ajude nos combates”, instrui.

"Se eu nascesse de novo, outra vez escolheria ser brasileira, da Bahia, morar em Jacobina. Eu amo o Brasil. E amo a liberdade", diz a poetisa Minita.
[Foto por Alex Oliveira]

A poetisa é autora de três livros – O Pássaro e a Flor, Nas Asas da Borboleta e Retalhos de Poesia –, e um quarto ainda em fase de produção, intitulado Na Palma da Mão. Sua poesia versa sobre “crianças pobres, índios sofridos e maltratados, ou seja, o oprimido”, segundo a própria autora. “Vou às escolas pedir para os alunos libertarem os pássaros das gaiolas”, conta a voluntária, que coordena um time juvenil de futebol e desenvolve um projeto que resgata brincadeiras como o jogo do pião, a amarelinha, a carniça e as cantigas de roda, em plena “era do celular e do computador”.

Sua escrita fala também de vários tipos de amor, do fraternal ao romântico. “Amei 500 mil vezes. Enquanto há vida, amamos”, revela a mãe de três filhos e já bisavó. Com graça, ela lembra da inocência nos tempos de juventude: “Quando eu fiquei grávida pela primeira vez, pensava que a gente vomitava a criança. Na hora do parto, quando o médico me disse por onde saía, eu quase desmaiei”.

Politicamente crítica, Minita avalia as transformações a que assistiu ao longo da vida: “Hoje nós temos liberdade para falar. Temos a Lei Maria da Penha e uma presidenta que faz questão de ser chamada assim. Dilma nos deu a liberdade de sermos mulheres”, afirma, orgulhosa.

Amorosa, Minita é toda elogios à equipe da FUNCEB. Sabe ler olhares e estados de espírito. Perguntada se a inspiração dos seus poemas amorosos vem da sua própria experiência, ela é categórica: “Nem o poeta nem o compositor precisam disso; eles recebem a inspiração e transmitem para servir ao meu e ao seu coração”.

Já ao fim da conversa, recomenda mais uma vez as orações a São Miguel Arcanjo: “Ele foi escolhido e confiado por Deus. Foi fiel. Eu também sempre fui fiel aos amores e aos amigos. Fidelidade é amor”, conclui.

Encontros em Jacobina: Weverton, Maria do Socorro e José Nilson

Weverton Tarley é palhaço, atirador de facas e equilibrista do Witarly Circo, que leva o nome do seu filho. O circo itinerante está montado no povoado de Boa Vista, no município de Ibititá, e em breve se deslocará para Queimada dos Mendes, na cidade de Barra dos Mendes. Weverton é filho dos também artistas circenses José Nilson Rodrigues, o Palhaço Carobinha, e Maria do Socorro, ambos integrantes do Weverton Circo. A família já circulou por quase toda a Bahia e outros estados do Nordeste ao longo das suas quatro gerações.

Weverton, Maria do Socorro e José Nilson: família de circenses
[Foto por Alex Oliveira]

Em 2012, o Weverton Circo foi selecionado via chamada pública para participar do projeto Oficinas de Qualificação nos Circos, da FUNCEB. Sete profissionais circenses ministraram aulas durante 15 dias nesse e em outros dois circos itinerantes baianos. Em 2013, José Nilson foi selecionado pelo Edital Setorial de Circo da FUNCEB, com um projeto de manutenção do Weverton Circo.

A família protagonizou o documentário Profissão: Palhaço, dirigido pela cineasta Paula Gomes.

Encontros em Jacobina: Edna Moreira

Edna Moreira é instrutora de dança da Associação Afro Brasileira Quilombo Erê (ATABAQUE). Há 26 anos, realiza ações sociais para “reivindicar os direitos das pessoas oprimidas e lutar contra a discriminação e o preconceito social”, conta. A ATABAQUE desenvolve atividades em dança afro, samba de roda, capoeira e percussão com crianças e adolescentes de populações economicamente vulneráveis de Jacobina e região, principalmente em comunidades remanescentes de quilombo.

Edna faz da dança um instrumento de conscientização
[Foto por Alex Oliveira]

A dançarina foi convidada para participar das edições do Brazilian Day em Estocolmo, na Suécia, em 2010 e 2011, e embarca ainda este ano para mais uma participação. “Eu me senti uma rainha. Eles valorizam a cultura brasileira, são apaixonados por ela. Me senti em casa”, conta.

Em 2010, o projeto Axé Jacobina, da ATABAQUE, foi selecionado pelo Edital de Apoio a Microprojetos Mais Cultura, programa do Ministério da Cultura em parceria com outras organizações, dentre elas a SecultBA e a FUNCEB.

Ao final do encontro do FUNCEB ITINERANTE em Jacobina, Edna apresentou aos presentes um número de dança afro
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Jacobina: Jailton e Orquestra Jacobina Arte de Tocar

Jailton Nunes Marques é produtor cultural, diretor musical e coordenador do Projeto Arte de Tocar (PROJART), um programa de educação musical e ambiental desenvolvido pela Associação Cultural Arte de Tocar (ACAT). Em 2007, Jailton criou a Banda Reciclasom, que utiliza instrumentos de percussão com resíduos sólidos, como caixas de papelão e peças de computador, para executar músicas experimentais alusivas à educação ambiental. A partir do fim do mês, a banda vai circular com um show itinerante pelas cidades de Mirangaba, Miguel Calmon e Capim Grosso, além da sede de Jacobina e do distrito de Itaitu, para promover ainda oficinas de produção sonora e educação ambiental. “A gente quer desmistificar que o povo não tem acesso à música instrumental. Nós temos um público cativo de cerca de 500 pessoas”, conta.

Jailton se orgulha em afirmar que a Orquestra Jacobina Arte de Tocar é a única orquestra sinfônica do interior da Bahia, segundo ele
[Foto por Alex Oliveira]

Em 2010, através do Programa de Cultura do BNB, surgiu o Projeto Toca Menino, que inclui a Orquestra Toca Menino (OTM), formada por cerca de 50 alunos entre 8 e 14 anos, e a Orquestra Jacobina Arte de Tocar (OJA), que conta com uma média de 25 alunos entre 8 e 25 anos. Os jovens do PROJART participam de intercâmbios e cursos de capacitação no Núcleo Estadual de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba). O PROJART inclui também a Banda de Flauta Arte de Tocar (BANFLART), que desenvolve aulas de musicalização para aproximadamente 15 aprendizes de 2 a 7 anos de idade. O projeto conta com o patrocínio do Edital Mais Cultura – Microprojetos Rio São Francisco, da FUNARTE.

Adrian Felipe, 11 anos, toca trompete na OJA
[Foto por Alex Oliveira]

A OJA se apresentou na abertura e no encerramento do FUNCEB ITINERANTE em Jacobina
[Foto por Alex Oliveira]


Encontros em Jacobina: Maria Isabel e Filarmônica Juvenil Rio do Ouro

Maria Isabel Rodrigues, 13 anos, é sub-regente da Filarmônica Juvenil Rio do Ouro, de Jacobina, da qual faz parte há um ano e meio. Na ausência do maestro Joel Cruz, é ela quem rege a orquestra, com o apoio dos veteranos do grupo. “No início foi estranho. Fico nervosa, principalmente nesses eventos culturais, onde há vários olhares críticos”, revela a musicista que toca clarinete e sax alto.

Do alto de seus 13 anos, Maria Isabel é sub-regente da Filarmônica Juvenil Rio do Ouro
[Foto por Alex Oliveira]

A Filarmônica foi fundada em 1997, por iniciativa do musicista autodidata Amado Honorato de Oliveira. Em 2010, foi cadastrada para receber apoio através do Programa de Fomento às Filarmônicas do Estado da Bahia, da FUNCEB.

Maria Isabel e Filarmônica Juvenil Rio do Ouro em ação na abertura do FUNCEB ITINERANTE em Jacobina
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Jacobina: Wellington Melo

Wellington Melo é diretor de Cultura da Secretaria de Educação de Jacobina. “Este encontro serve para colocar as pessoas que trabalham em cultura com a gestão cultural do Estado”, afirma. A Diretoria de Cultura é responsável pelo Centro Cultural de Jacobina, sede do encontro do FUNCEB ITINERANTE, que dispõe de biblioteca, infocentro e de espaços para a realização de cursos. “É de suma importância a criação de uma Secretaria de Cultura em Jacobina, porque contamos com pouca verba para desenvolver mais ações”, revela.

Diretor de Cultura de Jacobina, Wellington defende a criação de uma secretaria municipal específica
[Foto por Alex Oliveira]

Jacobina mobiliza mais de 130 pessoas para o FUNCEB ITINERANTE 2013

O município de Jacobina foi a sede do quinto encontro do FUNCEB ITINERANTE 2013, representando o Território de Identidade do Piemonte da Diamantina. Nesta terça-feira, 28 de maio, o Centro Cultural de Jacobina recebeu mais de 130 cidadãos da região, um recorde de mobilização dos três anos do projeto. Na abertura, após apresentações da Filarmônica Juvenil Rio do Ouro e da Orquestra Jacobina Arte de Tocar (OJA), Nehle Franke, diretora geral da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Governo do Estado (SecultBA), e o prefeito de Jacobina, Rui Macedo, fizeram as falas iniciais do evento. Diversos gestores municipais também marcaram presença. Na plateia, estavam presentes não apenas pessoas da própria cidade, como também de Caem, Umburanas e Várzea Nova, do próprio Território, além de Barra do Mendes, Ibititá e São Gabriel, do Território de Irecê, Barra da Estiva, da Chapada Diamantina, e até mesmo de Feira de Santana, do Portal do Sertão, e Serrinha, do Sisal, representada pelo seu prefeito, Osni Cardoso.

Nehle Franke, diretora geral da FUNCEB, e Rui Macedo, prefeito de Jacobina, fizeram as falas de abertura
[Foto por Alex Oliveira]

Durante a manhã, foi aberto o espaço de diálogo e escuta das demandas da comunidade local. As falas dos participantes apresentaram fundamentalmente experiências e atuações dos artistas e agentes culturais, que fizeram testemunhos de suas histórias. Nestas colocações, foram identificadas pautas como a dificuldade de elaboração de projetos, demonstrando a necessidade de qualificação neste sentido; a dificuldade também de gerir os projetos que são apoiados, o que revela a importância de formar produtores capacitados na região; e a reclamação de que os que detêm este conhecimento acabam centralizando o trabalho cultural nestas cidades.

Equipe da FUNCEB diante da comunidade local
[Foto por Alex Oliveira]

Cidadãos de nove cidades estiveram presentes no encontro
[Foto por Alex Oliveira]

Um pleito colocado foi o de que todos os editais e mecanismos de apoio tenham formato territorializado, assim como ocorre com o Calendário das Artes. Também se falou da necessidade de criação do Conselho Municipal de Cultura e das expressões populares e identitárias da cultura local, como a cultura cigana e a indígena, a Marujada e Os Cãos.

Depois do intervalo do almoço, no turno vespertino, os presentes assistiram a uma apresentação sobre os mecanismos de apoio a projetos artístico-culturais promovidos pela FUNCEB/SecultBA, com oportunidade de ter orientações e tirarem dúvidas sobre eles. Depois, foram formados grupos de conversa por setor, para discussões específicas sobre as demandas de cada área, conduzidos pelos coordenadores das linguagens.

No encerramento do encontro, diversas apresentações culturais marcaram o evento, com dança, música e poesia, como o violeito Seu Gambiarra, tocando chula, e a dançarina Edna Moreira, em número de dança afro.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

FUNCEB ITINERANTE agora vai para Jacobina

Esta segunda-feira vai ser dia de longa viagem para o FUNCEB ITINERANTE. Vamos de Macaúbas, na Bacia do Paramirim, para Jacobina, no Piemonte da Diamantina, território de Identidade que também inclui os municípios de Caem, Capim Grosso, Mirangaba, Ourolândia, Saúde, Serrolândia, Umburanas e Várzea Nova. As nove cidades se estendem por uma área de 10.200 km², ocupada por quase 200 mil habitantes.

A exuberância dos rios, lagos, morros, cachoeiras, cavernas e grutas faz do Piemonte da Diamantina um presépio ecológico. A Marujada, folguedo de origem portuguesa que ocorre durante festas religiosas, é uma das expressões mais fortes da cultura popular desse território. Já no Carnaval, Os Cãos se pintam de preto e usam batom vermelho, adornados de chifres e dentes, para representar a tentação da festa profana. Os trios de pífanos e os grupos de samba de roda, chula e batuque também são marcas da tradição cultural desses povos.

Toda a comunidade cultural da região está convidada a comparecer ao nosso encontro, que acontece na terça-feira, 28 de maio, das 9 às 18 horas, no Centro Cultural de Jacobina. Confirme sua participação pelo Facebook!



[Vídeo produzido pela Secretaria do Planejamento do Governo do Estado da Bahia]

domingo, 26 de maio de 2013

Ático: um homem de palavras

“Eu não sou sineiro de mim mesmo”, dispara, com convincente modéstia, Ático Frota Vilas-Boas da Mota, ou Professor Ático, como prefere ser chamado. Seu Ático, jamais! “Lembro que quando me chamaram de Seu Ático pela primeira vez, ainda jovem, tomei um susto enorme”, recorda-se o octogenário para quem saber envelhecer é uma arte que se deve aprender ainda na juventude. “A natureza é sábia. Faz o homem envelhecer lentamente, como uma árvore que vai perdendo as folhas pouco a pouco”, reflete.

Professor Ático, patrimônio de Macaúbas
[Foto por Alex Oliveira]

A vaidade, tão característica dos grandes vultos intelectuais, como Prof. Ático, é tema recorrente nas suas falas. Na vidraça onde estão expostos seus inúmeros diplomas e títulos, lê-se: “Grande lição deste mostruário: Vaidade, vaidade e tudo é vaidade (Eclesiastes 1,2)”. Seria quase uma ironia, não fosse um sábio mea-culpa desse kardecista, segundo o qual “o homem que acredita ser alguma coisa está totalmente enganado; somos todos passageiros do mundo”.

Prof. Ático soube e sabe passar pelo mundo: é escritor, folclorista, historiador, tradutor e professor universitário aposentado. Seu currículo é tão extenso quanto seu acervo de livros e quadros. Doutor em Filologia Românica pela Universidade de São Paulo, foi cofundador e vice-diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás, professor e pró-reitor da Universidade de Bucareste (Romênia), além de membro de diversas academias de letras do Brasil.

“Me apaixonei pela Romênia quando descobri que aquele país nunca guerreou para atacar, apenas para se defender”, conta. Condecorado pelo governo romeno com o título de “comendador pelos serviços fielmente prestados”, Prof. Ático tem hoje um dos maiores acervos sobre a cultura e a literatura romenas no Brasil. “Recebi o embaixador da Romênia em minha casa, que, segundo o protocolo, deveria antes ter ido a Salvador”, lembra, com alguma satisfação. É autor dos títulos Momentos da História dos Romenos, Romênia, Poemário Telúrico e Brasil e Romênia: Pontes Culturais, dentre tantos outros. Sua paixão se estende ainda à cultura dos ciganos e ao romeni, língua daquele povo.

Cada cômodo da sua casa em Macaúbas, praticamente uma fundação pronta, guarda o tamanho da paixão de Prof. Ático pelos seus objetos de estudo. Uma coleção incontável de pinturas, esculturas e livros extasia e até intimida. Numa enorme estante azul, dezenas de gavetas repletas de fichas guardam, numa espécie de HD à moda antiga, as anotações de Prof. Ático sobre gírias. Organizados por cidade, centenas de livros preservam parte importante da história e da cultura de Macaúbas e do Território da Bacia do Paramirim.

Uma das tantas mesas espalhadas pela casa, demonstrando a disposição permanente do professor para os estudos e a produção de conhecimento
[Foto por Alex Oliveira]

Milhares de títulos fazem uma ampla biblioteca sediada no lar
[Foto por Alex Oliveira]


Também muitos quadros enfeitam o local. "Todos eles são igualmente valiosos, porque são presentes que ganhei", diz o dono da casa
[Foto por Alex Oliveira]

Prof. Ático é, aliás, um homem à moda antiga, incrivelmente lúcido e atual nas suas divagações. Os seus protocolos significam mais gentileza e hospitalidade do que meras formalidades. Gosta de receber bem, de sentar (literalmente!) para boas rodas de conversa e, sobretudo, de falar. E fala sobre tudo: de como os prefeitos são os grandes sabotadores da República às características do neocoronelismo, que, segundo ele, ainda impera no Brasil. “O desnível cultural no Brasil é inimaginável. Seria bom se muitos acadêmicos trocassem seus mestrados e doutorados por incursões no nosso interior, tão desconhecido”, sugere.

Piadista, Prof. Ático sabe também arrancar boas risadas. Os segredos de tamanha jovialidade mental se devem certamente ao seu inacreditável repertório cultural, ao seu boníssimo humor e à “superingestão de água, obrigatória depois dos 40 anos”, recomenda. Carinhoso, convidou a equipe do FUNCEB ITINERANTE para um jantar meticulosamente preparado, regado a prosa solta e muita cortesia. “A senhora Nehle Franke vai se sentar à cabeceira da mesa e a aniversariante Dora, ao seu lado”, coordena, cavalheiro. Entre timidez e lisonja, todos acatam. “Vocês já repararam que desde que vocês entraram por aquela porta, já é passado?”, nos faz pensar. Ainda reflexivos, ouvimos: “Vocês ainda não se foram e eu já estou com saudade”. Como ciganos, fazemos nosso caminho de volta, com o convite para ocuparmos, tão logo, o seu quarto de hóspedes.

A história de Macaúbas, pedra por pedra

Téo Ferreira é arte-educador e coordenador de projetos da Secretaria de Cultura de Macaúbas. Professor de artes do Centro Territorial de Educação Profissional – Bacia do Paramirim (CETEP-BP), ele desenvolve um projeto de intervenção artística que consiste na construção de mosaicos em paredes e canteiros da escola por parte dos alunos das turmas do 4º ano de Meio Ambiente e Edificações. Os murais são produzidos a partir de ilustrações de artistas visuais de Macaúbas, que contam passagens da história e da cultura da cidade, e são montados a partir de refugos de azulejos e de pedras da própria região.

Téo Ferreira e estudantes de Macaúbas constroem arte com azulejos e pedras
[Foto por Alex Oliveira]

A Origem de Macaúbas, com base na ilustração de Aldo Ramos, inspirado em conto de Antônio Chaves
[Foto por Alex Oliveira]

Invasão da Vila de Macaúbas – 1878, com base em ilustração de Eduardo Cambuí Jr.
[Foto por Alex Oliveira]

A Instalação do Ginásio de Macaúbas – 1960, com base na ilustração de Ameba
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Macaúbas: Manoel Figueiredo

Manoel Figueiredo cuida da Fundação Cultural Professor Mota, fundada por Ático Mota em 1972, que abriga um acervo bibliográfico disponibilizado à população e sedia aulas de artes. Cuida ainda do Museu Regional de Macaúbas, onde estão expostas obras em pintura de artistas macaubenses, além de uniformes e objetos pessoais de Manoel Defensor Sant'ana, um dos soldados brasileiros que lutaram na 2ª Guerra Mundial, na Europa. “Gosto muito de leitura, traz cultura e conhecimento. Quem tem grau tem que ter respeito; quem não tem, também”, enfatiza.

Memória e conhecimento sob cuidados de Manoel
[Foto por Alex Oliveira]

Fachada da Fundação Cultural Professor Mota
[Foto por Alex Oliveira]

Obra do acervo do Museu Regional de Macaúbas
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Macaúbas: Erleide Cunha Morais

Erleide Cunha Morais é atriz e arte-educadora. Estudante do curso de Licenciatura em Artes da Universidade Estadual de Feira de Santana, ela ministra oficinas de iniciação teatral em escolas de Macaúbas.

Erleide ensina teatro em Macaúbas
[Foto por Alex Oliveira]

Encontros em Macaúbas: Maraiza Bonatini

Maraiza Bonatini é produtora cultural e secretária de Comunicação de Macaúbas. Em parceria com produtores independentes, realiza eventos nas diversas linguagens artísticas. Em 2012, foi selecionada no Edital de Culturas Identitárias do Centro de Culturas Populares e Identitárias da SecultBA, com o projeto Espelho, exposição fotográfica sobre a identidade cultural sertaneja. “O FUNCEB ITINERANTE serve para guiar o poder público local, os artistas e, acredito, a própria FUNCEB. Este diálogo serve para todos vermos quais ações estão certas ou erradas”, opina a mãe da pequena Valentina.

Maraiza e Valentina no anfiteatro da FAMAC
[Foto por Alex Oliveira]